
Morreu aos 100 anos de idade, uma cantora tida como uma das maiores vozes do Brasil, chegando a ser comparada a um “pássaro voando” pelo poeta Ferreira Gullar e ao “ouro que não se destrói”, por Carlos Drummond de Andrade.
E a cantora trata-se de Maria Lúcia Godoy. Ela veio a óbito nesta última quinta (15), em Belo Horizonte. O sepultamento dela aconteceu nesta sexta (16), na capital mineira, no Cemitério do Bonfim.
+ Luto! Mãe de ex-BBB morre no Dia das Mães e ele se despede: “Minha melhor amiga”
Ao longo da sua brilhante carreira, a cantora lírica acabou conquistando respeito e elogios da crítica, de maestros e dos amantes da música lírica. Ela também entoava faixas do cancioneiro popular, e também atuava como compositora e escritora de livros infantis.
A artista chegou a ser solista principal do Madrigal Renascentista, que foi fundado nos anos 50, sob a batuta do regente Isaac Karabtchevsky, com quem Maria foi casada. Interpretando óperas como “La Traviata” e clássicos como “Travessia”, de Milton Nascimento e Fernando Brant, Maria Lúcia Godoy rodou o mundo.
Bidu Sayão, um outro expoente do meio lírico, considerava a soprano a sua “única sucessora” e “a maior intérprete de Heitor Villa-Lobos” no mundo. Foi ela quem gravou a mais conhecida versão de “Bachianas brasileiras nº 5”.
Segundo informações do jornal O Tempo a cantora lírica foi bajulada por políticos como Tancredo Neves e Juscelino Kubitschek, este último inclusive, a convidou para se apresentar na cerimônia de inauguração de Brasília.
Ela ainda foi exaltada pelo cineasta Glauber Rocha. Já Tom Jobim teria se inspirado a escrever a melodia de “Sabiá” após ouvi-la cantar.
Maria nasceu em Mesquita, no Vale do Rio Doce, e se mudou para Belo Horizonte ainda criança. Lá, ela estudou com a professora Honorina Prates antes de se transferir para o Rio de Janeiro e ter aulas com Pasquale Gambardella.
Uma bolsa de estudos acabou permitindo que ela aperfeiçoasse a técnica na Alemanha, com Margueritte Von Winterfeld.
A artista ainda se formou em Letras na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que no ano de 2016, a homenageou com o título de Doutora Honoris Causa.
+ Morre Médium Divaldo Franco, considerado um dos principais líderes espíritas do Brasil
No ano passado, em entrevista ao jornal O Tempo, o sobrinho dela que também é guardião do acervo da artista, Daniel Godoy, falou que planejava disponibilizar as obras de Maria Lúcia Godoy para uma exposição pública na UFMG e nas plataformas digitais.
“Ela era um fenômeno. Como os Beatles, Disney ou Chaplin… Só acontece uma vez”, declarou ele na época.