MSN

- Publicidade -

Análise: Prisão de Bolsonaro e Generais: Brasil dá recado para o mundo

Um golpe que não passou — e um país que enfim responde à altura

Joaquim Mamede
Joaquim Mamede
Professor, pesquisador e redator. Formado em Letras pela UFRJ, Mestre e, atualmente, doutorando em Literatura Portuguesa, uno a paixão pela escrita ao prazer da redação aqui no Área Vip. Gosto de escrever sobre Música, Artes e Cultura Pop.
Reprodução: Redes Sociais
Reprodução: Redes Sociais

A prisão de Jair Bolsonaro e de generais diretamente envolvidos na tentativa de golpe de Estado marca um ponto de inflexão na história republicana brasileira. Pela primeira vez por atacar a própria democracia. Isso quebra um tabu que atravessou o século XX e parte do XXI: o de que militares ocupam um lugar intocável no imaginário institucional brasileiro.

- Continua após o anúncio -

PSOL aciona PGR contra Nikolas por uso de celular em visita e ‘suspeita de ajuda em tentativa de fuga de Bolsonaro’

Desde a transição pactuada da ditadura para a democracia, o país conviveu com uma espécie de “blindagem cultural” que aceitava, resignada, que militares não seriam responsabilizados por violações constitucionais. Esse pacto informal — reforçado pela Lei da Anistia e pela postura historicamente condescendente do sistema político — sempre funcionou como um lembrete implícito de que a farda tinha prerrogativas acima do cidadão comum.

As prisões rompem esse eixo simbólico. Pela primeira vez, o Estado brasileiro age como um Estado moderno e republicano: ninguém está acima da lei. Isso redefine padrões de responsabilização, desmonta a ideia de tutela militar sobre a política e inaugura uma pedagogia institucional que deve reverberar por décadas. O recado é simples: o tempo da indulgência acabou.

- Continua após o anúncio -

A democracia brasileira surpreende o mundo e projeta futuro

É inevitável comparar a reação brasileira a golpes recentes com a resposta de democracias tidas como “consolidadas”. Enquanto os Estados Unidos ainda tropeçam para punir de maneira inequívoca os responsáveis pelo 6 de janeiro, o Brasil mostrou capacidade de investigação, coesão institucional e rapidez processual surpreendentes — especialmente para um país cuja frágil democracia tem pouco mais de 35 anos em funcionamento pleno.

Essa maturidade não veio do nada: é fruto da resistência social ao autoritarismo, do fortalecimento do Judiciário e de uma cultura política que, apesar de todas as contradições, amadureceu diante do trauma recente. O Brasil se apresenta, hoje, como um exemplo para outras democracias: é possível responsabilizar quem tenta destruir as instituições, mesmo que essas pessoas tenham poder, prestígio ou apoio popular.

- Continua após o anúncio -

Mais do que punir indivíduos, as prisões sinalizam uma mudança de horizonte. Pela primeira vez desde a redemocratização, o país dá sinais de que não está disposto a repetir o ciclo histórico de “perdoar para pacificar”, que invariavelmente mergulha a sociedade novamente em instabilidade. O Brasil começa a romper o padrão de anistiar golpistas e tentar seguir adiante. O país parece, enfim, disposto a não repetir seus próprios erros.

STF mantém, por unanimidade, decisões de Moraes que determinaram cumprimento de pena de Bolsonaro e seis réus

Esse movimento abre espaço para um futuro diferente: uma nação que aprende com seus traumas, que não aceita mais retrocessos e que finalmente compreende que democracia não é apenas votar — é garantir que ataques ao sistema tenham consequências reais. Há, no ar político brasileiro, um sentimento raro: esperança. Esperança de que o país, depois de flertar perigosamente com o abismo, esteja finalmente disposto a escolher a responsabilidade como caminho.

**As críticas e análises aqui expostas correspondem a opinião de seus autores

Joaquim Mamede
Joaquim Mamede
Professor, pesquisador e redator. Formado em Letras pela UFRJ, Mestre e, atualmente, doutorando em Literatura Portuguesa, uno a paixão pela escrita ao prazer da redação aqui no Área Vip. Gosto de escrever sobre Música, Artes e Cultura Pop.
Prêmio Área VIP 2025

Últimas