
Em meio a um ambiente já carregado de polarização política, a condução do presidente da Câmara, Hugo Motta, voltou a gerar controvérsias. O episódio envolvendo o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), retirado à força da cadeira da presidência, expôs um contraste que reacendeu, de acordo com análise da Míriam Leitão, do ‘O Globo’, o debate sobre imparcialidade dentro da Casa.
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Tratamento distinto entre esquerda e direita
Embora Glauber não devesse ter assumido o posto de presidente da Câmara, a reação imediata ao ato contrasta fortemente com a postura adotada quando parlamentares da direita ocuparam a Mesa Diretora nos dias 5 e 6 de agosto. Naquele episódio, nenhum deles foi punido, e a falta de rigor segue sem explicação.
O gesto mais criticado, porém, foi a ordem de retirada da imprensa no tumulto de ontem — uma atitude considerada inadmissível em qualquer democracia saudável.
Cassações pautadas de forma seletiva
A decisão de priorizar a cassação de Glauber Braga também chamou atenção, especialmente diante de outros casos mais graves que seguem sem solução. A deputada Carla Zambelli, por exemplo, está sob ordem judicial de perda de mandato desde junho, sem que a Câmara tenha cumprido a determinação.
O mesmo ocorre com Alexandre Ramagem, condenado por participação na trama golpista, e com Eduardo Bolsonaro, ausente do país desde março. Apesar disso, apenas o processo de Glauber avança no ritmo acelerado.
Câmara revisita penas de golpistas
Paralelamente, a Casa decidiu discutir a dosimetria das penas dos envolvidos no 8 de janeiro, embora a lei aplicada pelo STF tenha sido aprovada pelo próprio Congresso e sancionada por Jair Bolsonaro. A revisão, portanto, causa estranhamento.
O Senado, pelas palavras de Davi Alcolumbre, promete um rito também acelerado caso a proposta avance — repetindo a estratégia usada na aprovação da PEC 48, do marco temporal, mesmo após o STF julgá-lo inconstitucional.
Um dia negativo para a democracia
Entre erros e excessos, o saldo da terça-feira foi considerado lamentável. Em um país que enfrenta tensões institucionais e ainda lida com os reflexos de uma tentativa de golpe, esperava-se mais prudência dos Poderes. Em vez disso, prevaleceram os maus exemplos — e a democracia saiu ferida.
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Data de liberdade de Bolsonaro é revelada
A situação jurídica de Jair Bolsonaro (PL) ganhou um novo capítulo após a Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) um documento trazendo a estimativa de cumprimento da pena do ex-presidente. Segundo a análise, Bolsonaro pode adquirir sua liberdade em… LEIA MAIS!






