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Análise: O acerto simples e certeiro de ‘Três Graças’: emoção, cotidiano e boas histórias

A novela de Aguinaldo Silva resgata a força do 'novelão' clássico ao apostar em personagens vivos, conflitos orgânicos e uma vilã que sabe ocupar a cena

Joaquim Mamede
Joaquim Mamede
Professor, pesquisador e redator. Formado em Letras pela UFRJ, Mestre e, atualmente, doutorando em Literatura Portuguesa, uno a paixão pela escrita ao prazer da redação aqui no Área Vip. Gosto de escrever sobre Música, Artes e Cultura Pop.
Três Graças - Ligia - Gerluce - Joélly
Três Graças – Ligia – Gerluce – Joélly (Globo/ Estevam Avellar)

Em um momento em que a teledramaturgia brasileira oscila entre remakes excessivamente reverentes e tentativas apressadas de atualização estética, ‘Três Graças’ se destaca justamente por fazer o básico com precisão. A novela aposta na narrativa clássica, no conflito humano e na emoção cotidiana — e acerta. Sob a condução segura de Aguinaldo Silva, a trama mostra que não é preciso reinventar o gênero para conquistar o público: basta dominá-lo.

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Aula de roteiro e domínio do tempo narrativo

O grande trunfo de ‘Três Graças’ está no roteiro. Aguinaldo Silva demonstra, mais uma vez, um domínio raro do ritmo da novela diária. As cenas se encadeiam com fluidez, os conflitos nascem das relações entre os personagens e não de interferências externas ou agendas artificiais. Não há sensação de colagem nem de excesso de sublinhados. Tudo acontece no tempo certo — e isso é cada vez mais raro na dramaturgia atual.

Os personagens surgem como figuras complexas, atravessadas por contradições, desejos e limites claros. Essa construção dá densidade emocional à trama e permite que o público se reconheça nas situações apresentadas. A novela entende que a identificação não nasce de grandes discursos, mas de conflitos plausíveis e diálogos que soam verdadeiros.

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Arminda e a força de uma vilã bem interpretada

Entre os destaques do elenco, a atuação de Grazi Massafera como a vilã Arminda se impõe como um dos pontos altos da novela. Longe da caricatura, Grazi constrói uma antagonista sofisticada, segura de si e profundamente humana em sua crueldade. Arminda não grita para ser temida; ela domina a cena pelo olhar, pela ironia e pela frieza calculada — características que reforçam a força dramática da personagem.

A interpretação de Grazi evidencia uma maturidade artística que dialoga perfeitamente com o texto de Aguinaldo Silva. A vilã funciona porque é coerente, bem escrita e bem defendida, retomando uma tradição clássica da novela brasileira: a antagonista que o público rejeita, mas não consegue ignorar.

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Recepção, temas sociais e o retorno da novela que emociona

Os temas sociais em ‘Três Graças’ surgem integrados à narrativa, sem didatismo. Desigualdade, conflitos familiares e dilemas morais aparecem como parte da vida dos personagens, e não como discursos impostos. Essa abordagem mais profunda e orgânica contribui para a boa recepção da novela, especialmente nas redes sociais, onde o engajamento tem sido expressivo.

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Mesmo sem uma explosão de audiência tradicional ou a superação de outras produções no horário, a novela conquistou uma percepção pública amplamente positiva. A crítica especializada reconhece um resgate da essência do ‘novelão’ brasileiro: emoção, personagens fortes e histórias bem contadas. Ao apostar no simples — e fazê-lo muito bem —, ‘Três Graças’ reafirma que a boa novela ainda tem lugar garantido na televisão.

**As críticas e análises aqui expostas correspondem a opinião de seus autores

Joaquim Mamede
Joaquim Mamede
Professor, pesquisador e redator. Formado em Letras pela UFRJ, Mestre e, atualmente, doutorando em Literatura Portuguesa, uno a paixão pela escrita ao prazer da redação aqui no Área Vip. Gosto de escrever sobre Música, Artes e Cultura Pop.
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