Um dos personagens mais lembrados da teledramaturgia brasileira, Tonho da Lua marcou a carreira de Gianfrancesco Guarnieri, ator que o interpretou na primeira versão de Mulheres de Areia (1973) na TV Tupi. O tipo é lembrado até hoje por conta do trabalho de Marcos Frota, que o viveu no remake de 1993, na Globo.
No entanto, por muito pouco o personagem não foi vivido por Diogo Vilela na segunda versão da obra de Ivani Ribeiro. Em entrevista ao videocast ‘Novelão’, do jornal ‘O Globo’, o ator contou que foi convidado para viver o rapaz que esculpia mulheres nas areias da praia.
Diogo, no entanto, recusou o papel e indicou Marcos Frota, que brilhou vivendo o personagem. A recusa, de acordo com o ator, rendeu a ele uma fria “geladeira” na Globo e os convites para novelas ficaram menos frequentes.
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Teatro
Na entrevista, Diogo Vilela contou que, como fazia muito teatro, acabava sendo pouco lembrado para fazer novelas na Globo. “Eu não pedia, porque sou retraído. Não falava que estava disponível. Hoje, acho uma pena ter sido assim, mas era meu temperamento”, analisou.
“Fiz a TV Pirata e, depois que acabou, falei: ‘Vou morar em São Paulo’. Eu estava com uma relação em São Paulo e avisei: ‘Se precisarem de mim, me chamem’. Meu sonho era ser produtor de teatro. Comecei minha primeira produção… Paulo Ubiratan me chamou na Globo e disse: ‘Quero que você faça um papel que vai eternizar você no país. Estou te dando um presente’”, lembrou o artista.
“Eu ia estrear 15 dias depois e tinha investido todo meu dinheiro, contratos estavam fechados, o teatro alugado, minha primeira peça… Eu disse: ‘Paulo, não posso fazer essa novela’. Era o Tonho da Lua. Ele insistiu: ‘Você tem que fazer essa novela, senão eu não vou olhar na tua cara, eu não me conformo’. Poderia fazer, mas fiquei pensando… Eu disse: ‘Vou ver o que posso fazer’. Ficou aquele problema”, admitiu o astro.
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Geladeira
Diogo Vilela contou ainda que a recusa lhe rendeu consequências na Globo. “Pareceu uma recusa pessoal. Não foi. Isso foi sério, porque determinou muitos aspectos do meu futuro. Continuei contratado, mais na área de humor, séries com Guel Arraes, fizemos A Comédia da Vida Privada”, disse.
O ator contou ainda que queria muito fazer uma novela e acabou sendo convidado para viver um dos protagonistas de Quatro por Quatro (1994). “Amava o personagem. Era Quatro por Quatro. Amava aquele azarão, mais baixo que a Cristiana Oliveira, minha esposa, fazia tudo por ela, mas nada dava certo. Era muito popular”, lembrou.
No entanto, Vilela lembrou que o personagem foi perdendo espaço na história. “Imagina no auge, e começa a diminuir. Estranho. Mas eu não sou de ligar. Fiquei guardando”, contou. Porém, o ator contou que seu pai o aconselhou a deixar a novela ao ver na imprensa que ele estava sendo “desperdiçado” na trama.
“Ficou um clima tenso. Fui no Mauro Lúcio e falei: ‘Quero sair. Estou me sentindo mal, tive uma gastrite, fui para o hospital’. Sabe quando começam essas coisas? Fiquei tenso. Saí da novela. Foi pior ainda. Aí a geladeira foi…”, finalizou o astro.