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Fernanda Nobre abre o coração ao falar sobre relação aberta: “Minha vida não é uma festa”

A atriz também abordou assuntos como o feminismo, carreira e pandemia de Covid-19

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Fernanda Nobre/Instagram
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Fernanda Nobre expôs tudo o que pensa sobre a pandemia de Covid-19, feminismo, relacionamento aberto e carreira em uma entrevista para a Revista Glamour.

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+ Fernanda Nobre fala sobre sua relação aberta

Por lá, a atriz, que está com 37 anos de idade, fará 30 anos de profissão em breve disse que isso a assusta: “Me assusto sempre quando paro para pensar que este ano faço 29 anos de profissão! Eu comecei na televisão com oito anos e nunca tive uma pausa nos trabalhos desde então. A profissão de atriz diz quem sou. Minha existência é completamente relacionada com o meu ofício. Nos estúdios e nos palcos, vivi minha infância, adolescência e minha vida adulta. É no trabalho que encontro quem sou, minha profissão formou meu caráter e ética. A arte move a minha vida e meu olhar para o mundo. Tenho como objetivo principal e fundamental fazer da minha existência uma expressão artística. Vou ser muito sincera, agradeço seu comentário e elogio, mas não sei se sou famosa, não me sinto assim. Talvez eu prefira pensar que tenho uma abrangência maior, por ser e exercer uma profissão que nos põe a público, que tem como premissa a exposição. Então prefiro pensar desta maneira, acho mais justo e até responsável para este mundo e este momento que vivemos”, iniciou.

Por meio de seu perfil no Instagram, Fernanda vem promovendo debates importantes como a luta do feminismo: “Em 2015, eu fui desperta para pensar o feminismo por mulheres compartilhando suas histórias publicamente que me fizeram refletir sobre mim mesma e o padrão de comportamento machista que eu reproduzia inconscientemente em meu dia a dia. Mergulhei de cabeça nos estudos e este assunto se tornou primordial para mim. Estudei muito o percurso da mulher na humanidade e me deparei com uma questão que mudou meu olhar para tudo: a escolha ainda é um artigo conquistado a duras penas. Em pleno 2021, sem saber, nós, mulheres, repetimos comportamentos achando que estamos fazendo escolhas, mas na verdade (na grande maioria dos casos) já foi escolhido para nós há centenas de anos. Meu intuito é passar as informações e provocar uma reflexão nas mulheres de que nem sempre nossas escolhas são conscientes. Estou compartilhando meus estudos com toda responsabilidade que é necessário para este assunto. Me sinto honrada por estar sendo ouvida por milhares de pessoas e poder acrescentar no despertar delas e de todas nós”, conta.

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“Por causa do feminismo a mulher pode denunciar assédio sexual, pode praticar um esporte profissional, pode ter seu próprio salário ou ir para uma universidade. Por causa do feminismo a mulher pode votar, militar, testemunhar em sua defesa, pode ter um emprego e usar a roupa que quiser. Será que a mulher que se diz não feminista não queria nenhum direito desses? Então, só posso acreditar que mulheres que se dizem não feministas vivem numa ignorância e ainda reproduzindo ideias e condutas tristemente machistas”.

A atriz nunca escondeu seu relacionamento aberto com o diretor José Roberto Jardim. Ao falar sobre o assunto, Nobre fez uma análise de como era seu pensamento antes de ser adepta à relação aberta e como ela se sente atualmente. A musa ainda deixou claro que viver um relacionamento aberto não é sinônimo de ‘viver em festa’:

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“A gente aprende que só existe uma maneira correta de se relacionar: o casamento heterossexual, monogâmico e para vida toda. Fomos ensinadas que a monogamia é ‘normal’ e ‘natural’. A gente não escolhe e não reflete sobre ela, não questiona. Aceitamos e pronto. Ela nos foi imposta como forma de controle por razões econômicas por causa da propriedade privada. Há centenas de anos, os homens precisavam garantir que seus filhos eram deles para deixar suas heranças, a maneira encontrada de conquistar esse controle foi impedindo que suas mulheres tivessem relações com outros homens, se tornando propriedades de seus maridos. A verdade é que a monogamia só existe para nós, mulheres, pois os homens sempre a viveram de maneira hipócrita. Não por uma falta de caráter masculino, mas por causa de uma dinâmica na sociedade que tem uma permissividade para que esses homens não sejam fieis à suas mulheres. Enquanto para nós, mulheres, a traição, desde sempre, foi punida com crítica e violência, há poucos anos ainda éramos duramente penalizadas legalmente. Muito diferente do que acontece com os homens. Até me aprofundar nos estudos sobre a história da mulher e do patriarcado, eu não pensava sobre isso e nem sabia direito o que era um relacionamento aberto, como funcionava. Foi meu despertar para o feminismo e para as questões da mulher que me fez rever meus moldes e pensar sobre eles. Foi aí que me dei conta que eu não escolhi a monogamia e, pior, me fizeram acreditar que eu jamais conseguiria viver numa ‘abertura’. Isso faz parte do meu posicionamento político, a busca pela equidade de liberdade, é a minha escolha feminina. Isso não quer dizer que a minha vida é uma festa, que tudo é liberado. Muito pelo contrário. Sou uma mulher extremamente romântica e tudo é em prol da minha liberdade e também da minha parceria com o meu companheiro. A nossa busca é pela lealdade e por uma relação extremamente honesta”.

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A loira ainda foi questionada se ela chegou a se sentir insegura ao abrir a relação: “Curiosamente, nem por um segundo. Apesar desse assunto ser um tabu, porque fazemos parte de uma sociedade extremamente moralista, em nenhum momento senti insegurança porque o meu discurso é muito mais informativo, reflexivo, pessoal do que alguém em busca de polêmica. Quero desmitificar esses padrões tão arraigados na sociedade, minha intenção é provocar reflexão e liberdade de escolha para as mulheres”.

“Para mim, viver uma relação aberta é uma questão política. Então, quando começamos a trocar sobre esse assunto estávamos no auge da paixão e da cumplicidade. Eu não embarquei nessa experiência para apimentar a relação ou porque o casamento estava morno. Pelo contrário. Fiz num momento muito seguro da nossa parceria e com a certeza que temos muita troca e somos muito ligados um no outro. A regra mais importante de nós dois é a primordialmente a lealdade. Não cair em mentiras e na hipocrisia usual. A grande diferença entre relações em que homens traem à vontade e relações abertas não é uma ‘autorização’ para se fazer tudo apenas atendendo ao seu desejo e impulso. O ponto está na busca dos dois envolvidos manterem um diálogo franco e honesto com estes impulsos e, principalmente, entre si. Eis a única forma que acredito de se estabelecer uma verdadeira parceria num relacionamento amoroso que se pretende longeva e edificante”, continuou.

“A monogamia é mais uma forma de controlar socialmente a mulher. Trazer luz a este assunto não é interessante para o sistema hipócrita que vivemos. Sim, nós vivemos numa hipocrisia. Eu sei que é doloroso assumir isso. Nós romantizamos a monogamia, mas no fundo sabemos que ela não existe. Nunca existiu. Comecei a questionar a monogamia como um modelo desleal e não igualitário. Quero derrubar na minha vida pessoal essa hipocrisia. Os homens já vivem relacionamentos abertos, eles têm essa permissividade, essa desculpa de que ‘não se seguram sexualmente’. E nós, mulheres? A gente deixa de viver nossa potência sexual plena, enquanto eles não abrem mão de nada, especialmente quando é para defenderem suas inseguranças e matarem seus lugares de poder. Quando você começa a questionar a desigualdade e quebra essa fantasia, fica tudo muito revoltante. Claro que há exceções, há homens que são comprometidos com as suas parceiras, mas é uma proporção muito menor”.

Fernanda Nobre contou à Glamour que tem recebido muitas mensagens de mulheres que querem evoluir e se espelham nela, mas que também, ainda há inúmeros haters – machistas – que a atacam. Para resolver o problema, é simples: ela os bloqueia.

“Eu tive muita sorte. Na sua grande maioria, para minha surpresa, as mulheres escreveram desejando chegar a este desprendimento. Outras, sobre suas dificuldades para colocar em prática este tipo de relação devido ao seu enorme ciúme. Os comentários mais raivosos vêm por parte dos homens, logicamente. Para eles é melhor que suas ‘esposas’ sejam exclusivas, enquanto eles dissimulam que também vivem nesta “exclusividade” para elas. O meu relato se torna uma ameaça para relações desequilibradas, hipócritas, que eles propõem para suas parceiras. E aí quando recebo esse tipo de comentário machista não me abalo, mais uma vez homens sendo homens e com medo de perderem seus ilusórios controles. Então, tranquilamente, eu os bloqueio imediatamente”.

Saúde mental em tempos de rede sociais

“Todos os dias. Inteligentes são aqueles que conseguem identificar na hora que estão olhando um post o quanto aquilo está sendo nocivo para si. A grama do vizinho é sempre mais verde. A rede social pode ser um lugar de você só enxergar a falta na sua vida. Mas também é muita fonte de informação. Eu aprendo muito com páginas inteligentes que me despertam para assuntos atuais e me movem para mudanças de pensamentos estruturais que ainda repito sem ter consciência”.

Pandemia de Covid-19 : “Quando estourou a pandemia, eu tinha muita esperança que este horror coletivo traria uma grande mudança em nossa Era, que a partir desse momento mudaríamos os nossos valores e olharíamos para o outro de forma mais empática e menos egoísta. Mas não. Na verdade, este é um assunto de grande decepção para mim. O fim de ano no Brasil foi um período que eu não consegui compreender como ‘a gente’, como sociedade, não cresceu nada rumo a isso. Digo ‘a gente’ porque temos que pensar em nós como uma sociedade. Por mais que eu tenha passado dezembro e janeiro dentro de um apartamento no Rio de Janeiro sem o Natal, que é a data que eu mais amo no ano, o comportamento que aconteceu e ainda acontece no nosso País diz o quanto estamos longe de uma mudança positiva. A eleição do Bolsonaro foi o primeiro alerta nesse sentido e agora fica cada vez mais evidente que o egoísmo e o individualismo só estão ganhando força entre alguns em nossa sociedade. A classe alta, que tem mais acesso à informação e a possibilidade de isolamento para frear a cadeia do contágio, é a que mais está olhando para seu próprio umbigo e sendo inconsequente com ela mesma, seus amigos a volta e principalmente funcionários”, finalizou.

Colaborou: Juliana Gardesani

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