
A jornalista Valéria Almeida, de 39 anos de idade, que é responsável por apresentar o quadro ‘Bem Estar’ na TV Globo, abriu o jogo e deu mais detalhes sobre sua carreira na televisão. Desse modo, ela aproveitou para revelar uma situação complicada que passou após ser vítima de preconceito racial.
Assim, em entrevista para revista Caras, que foi publicada nesta quarta-feira, 26 de abril, a comunicadora comentou sobre a difícil batalha que teve que enfrentar para se tornar jornalista. “O processo não foi simples, eu não tinha condições financeiras e fiquei muito tempo desempregada, porque viam meu endereço, minha foto 3×4 e aquela combinação não dava, ninguém me chamava. Comecei a trabalhar quando passei a colocar endereços que não eram meus, porque era um lugar descriminado”, iniciou.
“Fiquei inadimplente na faculdade, fui proibida de assistir aulas, fiz bicos, faxina na casa de professores. Essa vontade de estudar e ter uma profissão foi o que me fez não desistir, porque o processo foi muito difícil. Quando falo da minha história, não sei dizer de onde tirei força, mas acredito que tinha uma inspiração: queria que meus pais tivessem orgulho de mim. Minha mãe morreu quando eu tinha 10 anos. Foi minha avó quem me criou e ela dizia que o estudo é nossa liberdade”, detalhou a apresentadora.
Na sequência, a global refletiu sobre a importância que tem na representatividade de outras mulheres pretas. “Tenho noção da responsabilidade que é estar em dois grandes programas, ajudando a construir um imaginário positivo, pois por muitos anos, quando a gente via um negro na TV era em papéis ruins ou retratos sociais que são ruins. Então, estar nesse lugar de destaque, compartilhando conhecimento, trocando e aprendendo é uma semente. É uma responsabilidade e um presente”, afirmou.
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Posteriormente, Almeida relembrou uma situação de racismo que sofreu no passado. “Quando você nasce mulher e nasce mulher negra, as barreiras surgem o tempo inteiro, mesmo que não sejam ditas ou verbalizadas, porque a gente precisa mostrar que a gente é tão capaz quanto qualquer outra pessoa. Quando eu ainda estava em Santos, uma pessoa disse que eu levava jeito para estar na TV, mas meu cabelo não combinava com TV. O que me limitava não era minha capacidade, mas minha existência como mulher negra. Quando fui convidada para a TV, conversei com o Caco: se vocês gostarem de mim, vou ter que mudar meu cabelo? Se for, prefiro nem começar”, contou a comunicadora.






