As histórias de Carlinhos da Silva envolvem os peões Fabiana Álvares, Jonathan Haagensen e Mirella Santos. O trio sabatina o comediante, que fala com bom humor de sua infância vivida na rua e em abrigos de São Paulo.
A empolgação é tanta, que os peões quere ler os casos num livro. "Eu acho que você tem que escrever, cara", aconselha Jonathan. Fabiana concorda.
Carlinhos segue contando as mazelas. "Eu, com 12 anos, era o ‘tuba’ do meu lar (abrigo mantido pelo governo). Eu não sabia disso, fui aprender depois. É o cara que bate em todo mundo, tipo o chefe", relembrou Mendigo.
"Com 12 anos, minha mãe apareceu lá (no abrigo). E eu já pré-adolescente, na revolta. Os moleques vieram me avisar. Aí eu já disse: ‘É o seguinte, quem falar que me viu eu vou arrebentar, vou aregaçar’", contou ele, para completar: "Eu subi num pé de mangueira. Velho, eu fiquei na ponta do pé de mangueira das quatro da tarde até umas sete horas na noite, ninguém me achava", relembrou, para prosseguir: "Ela veio, foi embora e não voltou mais."
Mesmo reiterando, a todo instante, não guardar mágoas da mãe, Carlinhos refere-se a ela com palavrões. Ele ainda revela não ter curiosidade de reencontrá-la. Ela acha que sua genitora já deve estar morta. "São várias histórias, velho. Teve uma vez que ela me deixou em casa sozinho. Ela foi pra igreja, evagélica", contou o comediante. Ele acrescentou: "Ela subiu no ônibus, eu foi atrás dela: ‘mãe, mãe’ E ela me chutou, eu caí do ônibus e voltei pra casa chorando."
"As coisas ficam na minha cabeça, martelando. Ficavam, né! Hoje em dia eu falo tranqüilo", afirmou ele. Mirella tenta aconselhar o amigo: "Por que tu não tenta fazer terapia disso?" Mas Carlinhos se diz resolvido.
