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Análise: O fenômeno Brasil: por que o mundo inteiro resolveu olhar (e vir) para cá

Cenário pop, agenda verde e protagonismo político impulsionam a nova onda de brasilidade global

Joaquim Mamede
Joaquim Mamede
Professor, pesquisador e redator. Formado em Letras pela UFRJ, Mestre e, atualmente, doutorando em Literatura Portuguesa, uno a paixão pela escrita ao prazer da redação aqui no Área Vip. Gosto de escrever sobre Música, Artes e Cultura Pop.
Dua Lipa na estética Brasilcore, no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/Instagram
A cantora Dua Lipa na estética Brasilcore, no Rio de Janeiro — Foto: Reprodução/Instagram

O Brasil está em trend. Não é só Dua Lipa no Rio, Shawn Mendes na Bahia ou presidentes desembarcando para a COP30: é o Brazilcore ganhando passarelas, é a moda tropical virando referência, é a música brasileira ocupando playlists globais. No último mês, a sensação foi clara — culturalmente, esteticamente e simbolicamente, o Brasil virou o lugar onde “tudo acontece”.

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A temporada recente parece ter condensado tudo ao mesmo tempo. Enquanto líderes globais pousavam em Belém para discutir o futuro climático do planeta, celebridades internacionais circulavam pelo país como se o Brasil fosse a rota preferida da cultura pop contemporânea. Dua Lipa aproveitou dias ensolarados no Rio, caminhou pelo Parque Lage, subiu o Corcovado e compartilhou cada movimento com milhões de seguidores. Shawn Mendes, por sua vez, escolheu Salvador para uma temporada mais discreta — ainda que impossível de passar despercebida — consolidando a Bahia como polo de atração global.

Mas não parou por aí. Rosalía também esteve no Rio de Janeiro recentemente, reforçando esse fluxo de estrelas que encontram no Brasil um misto raro de autenticidade e espetáculo natural. A cantora portuguesa Carminho, figura central do fado contemporâneo, circula pelo país há alguns dias, revisitando públicos e palcos que sempre a recebem com entusiasmo. A soma dessas presenças cria um mosaico que vai do pop internacional ao canto tradicional ibérico — e todos, de algum modo, convergem para o mesmo lugar: o Brasil como destino cultural.

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Esse movimento não é isolado. Ele dialoga diretamente com a ascensão do ‘Brazilcore’, nome dado ao fenômeno estético que transforma elementos brasileiros — das cores vibrantes ao clima tropical, passando por futebol, carnaval, estampas e brasilidades — em tendências globais da moda e do design. A estética que antes era vista como “local” agora aparece em editoriais internacionais, coleções de grandes marcas e feeds de influenciadores estrangeiros que performam o imaginário brasileiro como símbolo de energia, liberdade e vibração.

Há também uma dimensão política e simbólica que merece ser destacada: o retorno do Brasil ao palco internacional após um período de isolamento e desgaste diplomático durante o governo anterior. A reaproximação com organismos multilaterais, o protagonismo no debate climático e o esforço de reconstrução de pontes geopolíticas criaram um novo ambiente de visibilidade global. O país voltou a ser visto não apenas como destino turístico, mas como ator relevante — inclusive para líderes, artistas e formadores de opinião.

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A COP30 sintetiza essa virada: trouxe para o país não apenas chefes de Estado, jornalistas e especialistas, mas um olhar renovado sobre o papel do Brasil na agenda climática e no futuro do planeta. Isso se entrelaça com a imagem pop que está sendo construída lá fora: um país que é natureza, mas também cultura; que é potência ambiental, mas também potência sonora, visual, afetiva.

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No fim, tudo aponta para um mesmo diagnóstico: o Brasil está “em alta”. Não como um destino exótico — como já foi enquadrado —, mas como um espaço que produz tendências, atrai atenção, molda imaginários e inspira narrativas. O país voltou a ser desejado, visitado, celebrado e, acima de tudo, compartilhado.

E, como dizem os versos da canção ‘Voz do Brasil’, da cantora Urias: “Eu também quero ir pro Brasil!”

**As críticas e análises aqui expostas correspondem a opinião de seus autores

Joaquim Mamede
Joaquim Mamede
Professor, pesquisador e redator. Formado em Letras pela UFRJ, Mestre e, atualmente, doutorando em Literatura Portuguesa, uno a paixão pela escrita ao prazer da redação aqui no Área Vip. Gosto de escrever sobre Música, Artes e Cultura Pop.
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