
Após a megaoperação que deixou pelo menos 119 mortos no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou as redes sociais para reagir à ação e reafirmar seu posicionamento. Em postagem, ele fez um apelo: “não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco.”
Me reuni hoje pela manhã com ministros do meu governo e determinei ao ministro da Justiça e ao diretor-geral da Polícia Federal que fossem ao Rio para encontro com o governador.
Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e…
— Lula (@LulaOficial) October 29, 2025
PF teria sido informada, mas recusou participação
Mais cedo, a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) declarou que o aviso dado pela inteligência da Polícia Militar do Rio à Superintendência da Polícia Federal não configura um “pedido de ajuda institucional”. Segundo ela, o governo estadual sequer fez oficialmente esse tipo de solicitação ao governo federal.
No entanto, o diretor-geral da PF, Andrei Passos Rodrigues, admitiu que houve uma consulta feita pela PM do Rio, mas que a corporação avaliou que a operação não se encaixava em sua atribuição legal. Ele explicou que a PF teve acesso a um planejamento geral e concluiu que não havia espaço para atuação efetiva na operação estadual.
Crise abre disputa política entre federal e estadual
A omissão oficial interliga-se à disputa entre as gestões de Cláudio Castro (PL-RJ) e do governo Lula. Em entrevista recente, o governador do Rio fez críticas ao distanciamento do governo federal no combate ao crime organizado, citando pedidos de blindados que teriam sido negados. No contraponto, membros da equipe petista destacaram que tais recursos só são autorizados sob decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) — mecanismo que não foi acionado.
Comunicação oblíqua expõe falhas estruturais
Em relação à forma como a PF foi informada, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, alertou que decisões dessa magnitude não podem ser pactuadas por escalões médios sem passar por autoridades centrais. Ele reiterou que, caso fosse necessária intervenção federal, presidente, ministro ou diretor-geral da PF deveriam ter sido acionados diretamente.
Na avaliação do governo, a troca fragmentada de informações e a recusa formal da Polícia Federal evidenciam lacunas entre os níveis de comando, que precisam ser reparadas para evitar tragédias futuras no enfrentamento ao crime organizado.






