Neste domingo, dia 27, o ′Irritando Fernanda Young′ recebe Marcelo D2. Numa conversa sobre música e preconceito, a apresentadora pergunta ao rapper o que ele acha de um assunto em pauta ultimamente: se o usuário da maconha é ou não cúmplice do tráfico de drogas. ′′Acho isso uma besteira. É difícil dizer que o usuário financia o tráfico. As armas que são usadas nas favelas do Rio de Janeiro, por exemplo, são russas, iraquianas e americanas. Não tem um usuário que leva lá. A gente tem uma polícia corrupta. Todo mundo tem culpa nisso. O usuário também′′, o convidado responde.
Fernanda Young menciona que o nome completo do músico é Marcelo Maldonado Gomes Peixoto e ele faz uma revelação: ′′Não tenho esse ′Gomes′ no meu nome. ′Gomes′ é do meu pai. Quando a gente estava tendo problemas com a polícia na época do Planet Hemp, saiu ′Gomes Peixoto′ no meu nome e eu deixei. Agora que já não tem mais ninguém me perseguindo tanto, posso falar abertamente′′. Dos 18 processos contra ele, dois saíram em nome de Gomes Peixoto. O entrevistado conta que vivia uma paranoia, achando que todo mundo era polícia e estava atrás dele. Mas hoje em dia se sente mais seguro: ′′Tenho andado o máximo possível de acordo com o estabelecido′′.
Fernanda comenta com D2 que considera a música ′Qual é?′ um hino contra a caretice. E o músico lamenta: ′′O mundo está dominado pelos babacas′′. No entanto, reconhece que o Brasil serve de inspiração para sua arte: ′′Se eu morasse na Austrália, seria um falido como rapper′′. O convidado conta que nos últimos anos tem tentado ampliar o leque e escrever sobre outras coisas. Mas assume que escreve melhor quando está de ′saco cheio e reclama da vida′.
A apresentadora quer saber ainda qual foi a intenção de D2 quando ele aceitou tocar em uma boutique de luxo em São Paulo, situação que lhe rendeu várias críticas na época. ′′Acho um preconceito muito errado achar que todo branco playboy é racista e todo preto e favelado é ladrão. Não vejo diferença nas pessoas. Era um cachê bom para mim, eu estava vindo morar em São Paulo e estava precisando daquela grana′′. Fernanda resume, dizendo que ele conseguiu sair do underground sem corromper sua ideologia: ′′Faço música para todo mundo, e não só para os meus amigos′′.
No programa, Marcelo D2 lembra que descobriu o rock encontrando um disco do Black Sabbath no lixo e que conheceu o Skank sendo camelô. No que diz respeito à música, sempre foi atraído pelas diferenças: ′′O que me atrai na música é essa estranheza, o imprevisível′′. Marcelo conta ainda que os estrangeiros têm dado muito mais valor à música brasileira do que a gente aqui, pelo que tem visto em suas viagens internacionais. Fernanda Young recorda ao final do programa que na música ′Loadeando′, D2 prometeu que levaria seu filho para Disney quando o dólar baixasse. O dólar baixou e ele disse que levou o filho para Amsterdã e não para a Disney.
Irritando Fernanda Young no ar domingo, à 0h no GNT.
