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Análise: Apesar dos tropeços, Garota do Momento termina com missão cumprida

Trama de Alessandra Poggi brindou o público com história envolvente e boas atuações

André Santana
André Santana
Jornalista, escritor e produtor cultural, André Santana escreve sobre televisão desde 2005 e já passou por várias publicações especializadas, assinando críticas, análises e informações sobre TV e novelas.
Beatriz (Duda Santos) e Beto (Pedro Novaes) em Garota do Momento
Beatriz (Duda Santos) e Beto (Pedro Novaes) em Garota do Momento – Foto: Globo/Léo Rosário

Em sua segunda incursão no horário das seis da Globo, Alessandra Poggi reafirmou sua boa mão para folhetins de época. A autora, que já havia assinado a simpática Além da Ilusão (2022), demonstrou maturidade com Garota do Momento.

A recém-encerrada trama das seis da Globo foi um folhetim delicioso, despudorado e muito bem armado. Garota do Momento fez uso da amnésia, um clichê bastante conhecido do melodrama, para criar uma história rocambolesca, intrigante e cheia de reviravoltas.

Todo o drama envolvendo a “vida falsa” criada por Maristela (Lilia Cabral) e Juliano (Fabio Assunção) para Clarice (Carol Castro), e a busca da mocinha Beatriz (Duda Santos) para desvendar a farsa, foi um motor eficiente para manter a atenção do público. A presença de Bia (Maisa) e a disputa pelo coração de Beto (Pedro Novaes) temperaram toda a história.

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Época de ouro

Assim como fez com Além da Ilusão, Alessandra Poggi explorou muito bem todo o encantamento da época na qual se passava Garota do Momento. O desenvolvimento do mercado publicitário e da televisão nos anos 1950 foi um pano de fundo eficiente para narrar a jornada da heroína.

Beatriz chegou à cidade grande em busca da mãe e acabou se tornando a primeira garota-propaganda negra do Brasil. Por conta de seu sucesso e carisma, ascendeu na área e tornou-se estrela das telenovelas, que começavam a se destacar no país.

Neste contexto, Garota do Momento fez uma abordagem saborosa do período, tendo como cenários uma agência de publicidade, uma fábrica de sabonetes e uma emissora de televisão. Como se sabe, esse tripé serviu – e serve até hoje – como força motriz do desenvolvimento da telecomunicação.

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Erros e acertos

Bia (Maisa) em Garota do Momento
Bia (Maisa) em Garota do Momento – Foto: Divulgação/Globo

Além disso, Garota do Momento acertou no tom do folhetim, sobretudo na criação dos heróis e vilões. Beatriz e Beto foram mocinhos eficientes, longe de serem bobocas, e foi fácil torcer por eles. Já Clarice foi uma mocinha madura interessante, e os vilões Maristela, Juliano e Bia outros grandes acertos. Tudo funcionou direitinho.

Porém, Garota do Momento teve suas derrapadas. A trama foi um pouco mais longa do que sua história principal sustentava, o que gerou momentos questionáveis. A maior consequência disso foi o “apagamento” de Beatriz na reta final. A curva ascendente da mocinha foi interrompida e ficou de stand-by durante muito tempo, o que aborreceu. Ela demorou demais para retomar o título de “garota do momento”.

Garota do Momento também pecou por tramas paralelas pouco desenvolvidas. O trauma de Eugênia (Klara Castanho), por exemplo, foi esquecido. A história envolvendo Iolanda (Carla Cristina Cardoso), Ulisses (Ícaro Silva) e Glorinha (Mariana Sena) também não deslanchou.

Já a trama envolvendo Guto (Pedro Goifman) e sua história de amor com Vinicius (Elvis Vittorio) foi interrompida bruscamente depois que o segundo se mudou para os Estados Unidos. Com isso, o irmão de Edu (Caio Manhente) perdeu função na história.

Sobre isso, também é lamentável a saída de Érico (Silvero Pereira), um ótimo personagem cujo desfecho se deu antes do final da novela. Ele só retornou para uma pequena cena no último capítulo. Uma pena.

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Folhetim

Porém, apesar dos pesares, o saldo de Garota do Momento é positivo. Duda Santos, Pedro Novaes, Maisa, Lilia Cabral, Fabio Assunção, Letícia Colin (Zélia) e Carol Castro brilharam em meio a um elenco muito coeso e competente.

A trama também provou que o público adora uma novela com cara de novela. Alessandra Poggi bebe do folhetim tradicional sem nenhum pudor, e sabe tratar de temas contemporâneos sem parecer panfletária. Com isso, construiu um novelão adorável.

**As críticas e análises aqui expostas correspondem à opinião de seus autores

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