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Análise: Semana de viradas em Vale Tudo evidencia a força da boa teledramaturgia

Globo, SBT e Record fizeram importantes movimentações

André Santana
André Santana
Jornalista, escritor e produtor cultural, André Santana escreve sobre televisão desde 2005 e já passou por várias publicações especializadas, assinando críticas, análises e informações sobre TV e novelas.
Raquel (Taís Araujo) discute com Fátima (Bella Campos) e rasga o vestido de noiva da filha em ‘Vale Tudo’ – Globo/Fábio Rocha

Nos tempos áureos da televisão aberta, não era raro ver as emissoras adotando verdadeiras “táticas de guerrilha” para enfraquecer a concorrência. Hoje, porém, o cenário mudou. Em meio a crises financeiras e a um público fragmentado por tantas opções de entretenimento, as redes preferem agir com cautela, priorizando o equilíbrio das finanças em vez de embarcar em batalhas acirradas. Essa postura, embora sensata, tornou a disputa menos vibrante.

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Na última semana, no entanto, os telespectadores mais nostálgicos puderam sentir um gostinho daquelas disputas de outrora. Globo, Record e SBT, cada uma à sua maneira, mexeram suas peças no tabuleiro da dramaturgia para tentar conquistar a audiência e, quem sabe, virar o jogo.

A Globo decidiu apostar alto com uma “semana especial” de Vale Tudo, recheada de reviravoltas na trama de Manuela Dias. O SBT, por sua vez, abriu mão de A Caverna Encantada em pleno horário nobre e lançou a mexicana As Filhas da Senhora Garcia, mirando o público órfão da novela turca Força de Mulher, da Record. Já esta última retornou ao universo bíblico com a estreia de Paulo, o Apóstolo.

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Corrida pela vice-liderança

O SBT chegou a divulgar uma chamada com um tom que lembrava os tempos de Silvio Santos à frente do marketing, destacando que As Filhas da Senhora Garcia tinha raízes em uma história turca — claramente uma tentativa de atrair os fãs de Força de Mulher.

Apesar do esforço, a estratégia não provocou o efeito desejado. A nova novela manteve basicamente os índices de A Caverna Encantada. Já a Record sentiu um leve impacto negativo com a troca de Força de Mulher por Paulo, o Apóstolo, registrando uma queda na audiência. Nada dramático, afinal a emissora de Edir Macedo continua confortável na vice-liderança, bem à frente do SBT.

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Ainda assim, talvez a queda pudesse ter sido evitada se a Record tivesse mantido a aposta em novelas turcas no horário das 21h, especialmente considerando que já possui direitos sobre títulos como Mãe e Iludida. Paulo, o Apóstolo poderia muito bem ocupar a faixa das 21h45, hoje dedicada a reprises.

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Globo em vantagem

Fátima (Bella Campos) e Afonso (Humberto Carrão) no altar sob o olhar atento de Odete Roitman (Débora Bloch) em ‘Vale Tudo’ – Globo/Manoella Mello

Enquanto isso, a Globo aproveitou o momento com maestria. Parte do público que acompanhava Força de Mulher parece ter migrado para Vale Tudo durante a “semana especial”. A trama, que vinha sendo considerada morna por alguns críticos, ganhou força com viradas típicas de um bom folhetim.

O embate entre Raquel (Taís Araújo) e Maria de Fátima (Bella Campos), repleto de insultos e até um vestido de noiva rasgado, trouxe de volta a emoção que muitos sentiam falta. Foi uma cena impactante e elogiada, lembrando o poder de uma novela bem conduzida para mobilizar o público.

A intensidade continuou nos capítulos seguintes, com eventos marcantes como o casamento de Maria de Fátima, o enlace entre Ivan (Renato Góes) e Heleninha (Paolla Oliveira), as investidas de Leila (Carolina Dieckmann), a libertação de Celina (Malu Galli) das garras de Odete (Debora Bloch) e a ascensão de Raquel como empresária. O resultado foi claro: Vale Tudo viveu sua melhor semana, com números de audiência em alta.

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Novelas seguem fundamentais

As movimentações recentes reforçam uma constatação: apesar da concorrência com o streaming e da queda geral nos índices, a dramaturgia continua sendo um dos pilares mais fortes da programação da TV aberta. A guerra de novelas ainda tem fôlego para prender o público, e estratégias bem planejadas podem fazer diferença.

O que se viu na última semana poderia servir de alerta para os executivos das emissoras. O público, mesmo diante de tantas opções, continua respondendo a boas histórias e a movimentações ousadas. Talvez seja hora de reacender um pouco daquele espírito combativo que marcou a era de ouro da televisão brasileira.

**As críticas e análises aqui expostas correspondem à opinião de seus autores

André Santana
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Jornalista, escritor e produtor cultural, André Santana escreve sobre televisão desde 2005 e já passou por várias publicações especializadas, assinando críticas, análises e informações sobre TV e novelas.
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