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Análise: Guerreiros do Sol prova que Globo ainda tem poder de fogo

Produção do Globoplay remete aos tempos das grandes minisséries

André Santana
André Santana
Jornalista, escritor e produtor cultural, André Santana escreve sobre televisão desde 2005 e já passou por várias publicações especializadas, assinando críticas, análises e informações sobre TV e novelas.
Guerreiros do Sol
Guerreiros do Sol (Globo/Estevam Avellar)

Houve um tempo em que a Globo era sinônimo de excelência na teledramaturgia, com produções que encantavam o público e conquistavam a crítica. No final dos anos 1990 e durante boa parte da década seguinte, a emissora investiu em macrosséries exibidas no horário das 23h, entregando ao espectador tramas sofisticadas, com roteiros bem elaborados e alto nível de produção.

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Obras como Hilda Furacão (1998), Chiquinha Gonzaga (1999), A Muralha (2000), Os Maias (2001), A Casa das Sete Mulheres (2003) e Um Só Coração (2004) se destacaram, tanto pela qualidade quanto pela recepção calorosa de público e crítica. Essas produções conquistaram prêmios e ajudaram a consolidar ainda mais a liderança da emissora no mercado televisivo brasileiro.

Nos dias de hoje, esse tipo de produção já não tem mais o mesmo espaço na grade da Globo. Ainda assim, há um movimento no streaming, especialmente no Globoplay, que indica um possível retorno desse estilo que marcou época. Guerreiros do Sol surge, nesse cenário, como um alento para quem sente falta dessas narrativas mais densas e bem cuidadas.

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O resgate das grandes histórias

Com roteiro de George Moura e Sergio Goldenberg, Guerreiros do Sol é livremente baseada na obra Guerreiros do Sol: Violência e Banditismo no Nordeste do Brasil, escrita por Frederico Pernambucano de Mello. Desde o princípio, a minissérie remete às produções da emissora inspiradas em obras literárias, tradição que gerou verdadeiras joias da dramaturgia nacional.

Ambientada no sertão nordestino das décadas de 1920 e 1930, a trama acompanha Rosa (Isadora Cruz), uma jovem que, forçada a se casar com Elói (José de Abreu), acaba se apaixonando por Josué (Thomás Aquino), que entra para o cangaço em busca de justiça contra o opressor.

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A história de amor é apenas o fio condutor de uma narrativa mais complexa, com forte carga dramática e poucos elementos típicos do folhetim. O tom e o tratamento da série a aproximam mais das antigas macrosséries do que das novelas convencionais.

Sob a direção de Rogério Gomes, a série se destaca pelo visual apurado e pela atenção aos detalhes. A direção de arte e a fotografia conferem uma estética sofisticada, destoando do padrão atual das novelas da emissora, muitas vezes criticadas pela baixa qualidade visual e falhas de continuidade.

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Globoplay e o reforço da marca “novela”

Atores em cena de ‘Guerreiros do Sol’ – Globo/Estevam Avellar

Mais do que uma nova produção, Guerreiros do Sol representa também uma mudança estratégica. O lançamento da série no canal pago que substitui o Viva — agora chamado Globoplay Novelas — reforça o posicionamento do streaming da Globo como o principal destino para os fãs de novelas e teledramaturgia no país.

O novo canal funciona como uma vitrine para conteúdos originais e clássicos, unificando ações como o Projeto Resgate e estreias de novas obras sob uma mesma identidade. A intenção é clara: transformar o Globoplay em referência absoluta quando o assunto é novela.

Com esse movimento, a emissora sinaliza a intenção de retomar a excelência de tempos passados. Guerreiros do Sol é um forte indicativo de que, mesmo em um novo ambiente, ainda há espaço para produções refinadas, que respeitam a inteligência e o gosto do público.

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A força das novelas no streaming

Enquanto as novelas da TV aberta enfrentam críticas recorrentes, as produções originais feitas para o streaming têm se destacado positivamente. Apesar de exceções como Verdades Secretas 2 (2021), títulos como Todas as Flores (2022), Pedaço de Mim (2024) e Beleza Fatal (2025) demonstram que é possível inovar sem perder a qualidade.

Agora, Guerreiros do Sol assume o protagonismo entre os lançamentos recentes, enquanto a HBO Max prepara a estreia de Dona Beja para 2026. Aos poucos, o streaming vai se firmando como um novo palco para a teledramaturgia brasileira, respeitando a tradição do formato, mas com uma abordagem moderna e ousada.

**As críticas e análises aqui expostas correspondem à opinião de seus autores

André Santana
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Jornalista, escritor e produtor cultural, André Santana escreve sobre televisão desde 2005 e já passou por várias publicações especializadas, assinando críticas, análises e informações sobre TV e novelas.
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