
A Globo decidiu cancelar o documentário que contaria a trajetória da revista “G Magazine”, ícone da cultura LGBTQIA+ nas décadas de 1990 e 2000. O projeto, desenvolvido para o Globoplay desde 2024, foi interrompido de forma repentina, sem aviso prévio à equipe de produção — que soube da decisão pela imprensa.
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Segundo Manuel Belmar, principal executivo da plataforma, o motivo seria puramente artístico: “não se chegou a uma história interessante para contar”. No entanto, fontes ligadas à produção relatam que a decisão teve motivações mais profundas e polêmicas.
Pressões internas e cortes sucessivos
De acordo com a coluna de Carla Bittencourt, do portal Leo Dias, o documentário passou por diversos pedidos de cortes durante a produção. Episódios inteiros teriam sido alterados ou suprimidos após pressões de setores conservadores da emissora, que consideraram o nu masculino, essência da revista, “excessivo” — mesmo dentro do ambiente mais livre do streaming.
Com o tempo, o projeto foi sendo descaracterizado até que, sem qualquer aviso formal, veio o cancelamento definitivo. Estimado em R$ 3 milhões, o documentário já havia demandado viagens, entrevistas, pesquisa de acervo e pagamento de cachês.
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Impacto cultural e debate sobre censura
O conteúdo não se limitava à nudez. A proposta era mostrar o impacto cultural da “G Magazine”, sua relevância na visibilidade LGBTQIA+ e a evolução social desde então. Internamente, equipes ligadas à diversidade celebravam o projeto como um marco de representatividade.
Com o cancelamento, cresce o debate sobre o espaço para narrativas queer na grande mídia. Em nota oficial, a Globo negou qualquer censura: “O cancelamento foi decidido exclusivamente por questões artísticas (…). A história não chegou aonde imaginávamos e optamos por cancelar.”






