Com a prisão de Jair Messias Bolsonaro, houve um verdadeiro “racha” na família e no Partido Liberal. A discussão entre Flávio (PL-RJ), Eduardo (PL-SP), Carlos (PL-RJ) e Michelle mostram os primeiros sinais disso.
PL apoia Ciro Gomes
Em suma, a origem da crise se deu quando o diretório do PL, no Ceará, decidiu apoiar uma eventual candidatura de Ciro Gomes (PSDB). Ao deixar o PDT, o político oficializou sua ida ao PSDB em outubro, quando realizou um evento para assinar sua ficha de filiação.
No evento, além das lideranças tucanas, estavam presentes representantes de partidos de oposição ao atual governador do estado, Elmano de Freitas (PT). Dentre os integrantes de outros partidos que marcaram presença, estava o deputado federal André Fernandes (PL-CE), que é presidente estadual do PL no estado.
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Em declarações recentes, Fernandes disse que o próprio Bolsonaro havia dado o aval para o partido se aliar ao tucano. “[Ele] pediu para a gente ligar para o Ciro Gomes no viva-voz. Ficou acertado que nós o apoiaríamos […].“, disse ele a jornalistas.
Reaproximação com Ciro contrasta com ataques do passado e divide aliados
Segundo o deputado, o objetivo é “derrotar o PT” no Ceará. Além disso, ele afirmou que a legenda precisa de um candidato forte em todos os estados para apoiar Bolsonaro ou o seu sucessor na disputa pela Presidência.
Apesar de repercutir nos últimos dias, a aproximação de Ciro com o PL não é recente. Em 2024, por exemplo, o ex-governador já havia marcado presença em eventos ao lado de políticos do partido. Isso, porém, contrasta com as provocações que ele fez contra o ex-chefe de estado durante a campanha de 2022.
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Michelle demonstra incômodo com apoio do PL
Por conta disso, o apoio não agradou a todos os aliados de Bolsonaro. No domingo (30/12), a ex-primeira-dama criticou a postura do partido ao apoiar Ciro. No evento que lançou a pré-candidatura de Eduardo Girão (Novo-CE) ao governo estadual, Michelle disse que o partido havia se precipitado ao apoiar o tucano.
Na ocasião, ela criticou o deputado André Fernandes, responsável pela articulação. “Adoro o André, (…) mas fazer aliança com um homem que é contra o maior líder da direita? Isso não dá!“, disparou a esposa Jair Bolsonaro, que também é presidente do PL Mulher, ala feminina do partido.
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Relembre
A declaração de Michele faz menção aos diversos ataques feitos por Ciro a Bolsonaro nos últimos anos. Em mais de uma ocasião, o tucano chamou o ex-mandatário de “ladrão da rachadinha“, referente às investigações contra Carlos e Flávio Bolsonaro por suposto envolvimento em um esquema de rachadinhas.
Ciro também já fez diversas cobranças ao ex-chefe do executivo por sua gestão na pandemia, que deixou mais de 700 mil mortos no Brasil.
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Filhos de Bolsonaro se desentendem com madrasta
A “treta” piorou quando o embate passou a ser entre Michelle e os filhos do marido. As declarações da ex-primeira-dama não agradaram em nada os enteados, que se posicionaram publicamente contra ela.
Flávio foi o primeiro. Ele afirmou que Michelle havia “atropelado” o processo e exposto André Fernandes de maneira desnecessária. Eduardo, dos Estados Unidos, chamou o episódio de “injusto” e “desrespeitoso“, visto que o acordo com Ciro partira do pai. Carlos, sem citar nomes, publicou que a liderança de Bolsonaro precisava ser respeitada sem interferências externas.
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Esposa de Jair Bolsonaro pede perdão a enteados
Na madrugada desta terça-feira (02/12), Michelle publicou uma nota pedindo perdão aos três. Segundo ela, não era sua intenção contrariá-los. Porém, a ex-primeira-dama seguiu criticando o apoio a Ciro Gomes na nota. “Como ficar feliz com o apoio à candidatura de um homem que xinga o meu marido o tempo todo de ladrão de galinha, de frouxo e tantos outros xingamentos?“, questionou.
Bandeira branca?
Logo depois, Michelle disse respeitar a opinião dos enteados, mas destacou que pensa diferente. Por fim, depois que a nota foi divulgada, Flávio afirmou à “CNN Brasil” que ele e a esposa do pai haviam se resolvido. “(…). Nós nos resolvemos e expliquei a ela que não havia nenhuma decisão tomada sobre palanques, nem no Ceará nem em nenhum outro estado.“, declarou o congressista.
O “01” disse ainda que analisará os cenários em todos os estados com a participação de Michelle. No entanto, de acordo com ele, a decisão final partirá do pai.
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Dirigentes veem desgaste e descartam espaço para Michelle em 2026
Embora Flávio diga que ele e Michelle tenham se resolvido, o PL convocou uma reunião de emergência para esta terça. A cúpula quer baixar a temperatura depois do ruído criado pela fala da ex-primeira-dama, que não ficou restrito ao círculo familiar. Dentro do comando nacional do partido, o tom soou como um descompasso grave.
Entre dirigentes ouvidos pela “CNN Brasil”, o sentimento é que a intervenção de Michelle fechou a porta que ela ainda mantinha entreaberta para compor uma chapa presidencial em 2026. Nos bastidores, cresce a pressão para que ela seja afastada das discussões eleitorais e orientada a não interferir nos movimentos da legenda. A ideia é reforçar Flávio como a voz autorizada para tratar das decisões que envolvem o pai.
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Valdemar Costa Neto, que comanda o PL, pretende deixar claro para Michelle que qualquer fala relacionada ao processo eleitoral ou às escolhas internas precisa passar diretamente por ele e por Flávio antes.
