Giovanna Ewbank recebe carta aberta de enfermeira após vídeo e se pronuncia

A artista falou do encontro que teve com a profissional e sobre a carta que recebeu dela.
Giovanna Ewbank / Instagram

A atriz e apresentadora Giovanna Ewbank usou suas redes sociais nesta quarta-feira (17) para se pronunciar sobre uma polêmica causada por um vídeo publicado em seu canal do youtube ‘Gioh’.

Ela gravou um vídeo ao lado de Ingrid Guimarães onde as duas aparecem vestidas com fantasias de enfermeiras. No entanto, a mulher de Bruno Gagliasso foi acusada de erotizar a profissão e foi criticada por uma profissional da área, que decidiu escrever uma carta aberta para Ewbank.

Foi então que as duas marcaram um encontro e através das redes sociais a loira disse que errou e que aprendeu com o bate papo que teve com a enfermeira Renata Pietro.

“Bom dia, gente. Hoje o dia foi muito especial porque estou com essa mulher maravilhosa, Renata Pietro. Não sei se vocês viram, mas depois do meu vídeo com Ingrid Guimarães, vestida de enfermeira erotizada, recebei uma carta aberta desta mulher, explicando várias questões importantíssimas sobre a erotização da profissão de enfermagem. Me fez abrir a cabeça de maneira esclarecedora. Abriu um diálogo e não foi nem um pouco agressiva”, contou.

Giovanna explicou que o vídeo completo do bate papo entre elas será publicado em breve no seu canal do youtube.

A crítica

A enfermeira Renata Pietro decidiu escrever uma carta aberta para Giovanna Ewbank e Ingrid Guimarães onde criticou as artistas por erotizarem a profissão.

“Carta aberta a Giovanna Ewbank e Ingrid Guimarães
Comunicação / Coren-SP

Sou Renata Pietro, enfermeira, presidente do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP). Acabei de assistir ao vídeo no qual vocês estão fantasiadas de enfermeiras e discutindo, entre outros assuntos, artigos eróticos. Tenho mais de 20 anos de profissão e desde que comecei meus estudos, e mesmo antes deles, a minha profissão, a enfermagem, é estigmatizada por uma forte carga sexual, que não tem qualquer relação com as nossas atribuições diárias.

Abordagens como essa são um empecilho para a nossa luta em busca de reconhecimento. Estamos a 15 dias do início do mês da Enfermagem, um período em que o Coren-SP desenvolve campanhas de valorização da categoria, inclusive com a participação voluntária de muitos artistas e influenciadores, e nos deparar com uma referência dessas à profissão mostra que ainda temos um longo caminho a ser percorrido, no sentido de quebrar  paradigmas e mudar uma cultura há décadas arraigada em nossa sociedade.

Felizmente há iniciativas nacionais e internacionais que vieram para mostrar que não estamos sozinhas. A campanha “Nursing Now”, idealizada pela Organização Mundial da Saúde, traz a duquesa de Cambridge, Kate Middleton, e a atriz Emilia Clarke (de “Game of Thrones”), como suas embaixadoras. É um alento e uma grande motivação saber, enquanto profissional de enfermagem, que não estamos remando sozinhos. E esta mensagem é para chamar vocês, grandes atrizes e mulheres brasileiras, a compartilharem conosco essa jornada, pelo empoderamento feminino e pela sororidade.

A enfermagem é a categoria da saúde que passa 24 horas por dia ao lado dos pacientes. Atuamos em todas as fases da vida das pessoas, desde o nascimento, passando pelos cuidados preventivos, paliativos, até os momentos mais difíceis. Trabalhamos com indivíduos de todos os gêneros, idades e classes sociais, na saúde pública ou privada.

No país, a enfermagem corresponde a 80% da força de trabalho da área da saúde. E no estado de São Paulo, sou uma em um universo de cerca de 450 mil mulheres que integram a profissão. Nós, mulheres, correspondemos a cerca de 86% de todos os profissionais de enfermagem do estado.

No vídeo de vocês, o uso de termos como “vestida desse jeito” e “ela não só veio vestida de enfermeira como também trouxe brinquedos” reduz a profissão a uma mera fantasia sexual. A enfermagem é uma profissão que depreende anos de estudo e aperfeiçoamento. Sua classificação fantasiosa é apenas mais um exemplo de um machismo estrutural que reduz o trabalho feminino a questões sexuais. Não são poucos também, por exemplo, os casos de feminicídio praticados contra profissionais de enfermagem, o que só demonstra o tamanho da luta que temos para além de nossa rotina de trabalho.

Em uma breve busca de imagens no Google, vocês podem ver que o resultado para “enfermeira” é bem diferente do para “enfermeiro”. Precisamos mudar a visão de que mulheres profissionais de enfermagem (que também são auxiliares e técnicas, além de enfermeiras), assim como secretárias, professoras e outras, sempre sejam lembradas com uma carga erótica que não condiz com o seu real trabalho. Imagino que vocês também se sentiriam incomodadas e pouco representadas com qualquer imagem que pudesse distorcer a profissão de vocês. Como figuras públicas, formadoras de opinião e principalmente, mulheres, peço que não se refiram mais a qualquer trabalhadora como um fetiche.

Vamos, juntas, permanecer em ação para que a força de trabalho feminina não seja restringida ao erotismo. Vamos, juntas, lutar cada vez mais pela valorização da mulher.

Um abraço,

Renata”.

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