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Jéssica Ellen volta a ressaltar questões de desigualdade social em série da Globo; confira a entrevista

Em entrevista ao Área Vip, Jessica falou sobre as novidades; confira

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Núcia Ferreira
Núcia Ferreira
Jornalista carioca com passagens pelas revistas Conta Mais, TV Brasil e TV Novelas. No site Área VIP, além de redatora, é repórter especialista em Celebridades, TV e Novelas.
Jéssica Ellen / Instagram

Animada com a segunda temporada de ‘Filhos da Pátria’, Jéssica Ellen voltou a viver os dilemas de Lucélia, sua personagem, só que desta vez nos anos 1930. A atriz, que também estará no elenco de ‘Amor de Mãe’, próxima novela das nove da TV Globo, vai viver momentos cômicos, porém em tom de crítica no seio da família Bulhosa.

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Dessa vez, Lucélia é empregada doméstica na casa de Maria Teresa (Fernanda Torres) e Geraldo (Alexandre Nero) e, apesar de não ser mais uma escrava, continuará lutando por seus direitos e uma vida melhor.

Jéssica estreou na TV em 2012, em ‘Malhação’, e se destacou na série Justiça. Recentemente, ela foi elogiada por protagonizar o musical Meu Destino É Ser Star, de Lulu Santos. O espetáculo rendeu o convite para participação ao lado de Elza Soares no Rock in Rio.

Em entrevista ao Área Vip, Jessica falou sobre as novidades em Filhos da Pátria, a carreira de atriz e de cantora.

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Seu personagem foi um sucesso na primeira temporada e agora está de volta. Como é pra você dar essa continuidade?

Muito legal quando a gente faz um trabalho assim. Na verdade, pra mim é a primeira vez que eu trago um personagem para uma segunda temporada. Isso é muito inédito, um projeto que deu certo e eu fico muito feliz.

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Não é uma passagem de fase, na verdade é uma época totalmente diferente. Conta pra gente.

O primeiro foi em 1822 e a Lucélia foi retratada numa condição de escravizada, que era o momento no Brasil. A segunda temporada retrata os anos 1930. São períodos bem diferentes, mas mostra como a história entre negros e brancos ainda tem diferença. A Catarina vai estar trabalhando num jornal, questionando os espaços que ela quer, com o pensamento feminista. Enquanto isso a Lucélia se desdobra em três. Ela é empregada doméstica, ela estuda a noite e ainda faz bolos e quitutes pra vender. Então, mostra que ainda tem resquícios até hoje da escravidão no nosso país. Isso fica muito evidente na séria, ainda que aborde de forma rasa e superficial, porque é uma série de humor, mas é evidente.

Mas ela também vai lutar pelos direitos dela, não é?

Uma cena maravilhosa, a que eu mais gostei de fazer na série toda. É o momento que a Lucélia percebe que chegou na tampa, o balde entornou. O momento que ela coloca os limites dela e que ela percebe que aquela família depende dela também, não só ela do emprego. É a grande virada da personagem. Ela quer carteira assinada, ela quer férias, os direitos básicos que não tinha. Tem um momento que ela vai tentar reivindicar os direitos dela e ela simplesmente não tem direito nenhum.

Como é a parceira em cena?

É muito boa, falar de humor a gente acaba se divertindo muito. É muito engraçado fazer cena com a Fernanda (Torres), tem hora que eu tenho que me concentrar no texto, porque ela é muito engraçada e faz humor com o pé nas costas, eu aprendo muito com ela em cena. E o Serjão (Loroza) é um grande padrinho, eu adoro estar com ele em cena. Ele tem uma força e uma doçura ao mesmo tempo. O Nero nessa temporada eu gravei muito pouco, eu tive duas cenas com ele.

Mesmo sendo tão início do século 20, a série traz temas atuais. Como é para você poder falar desses assuntos?

A ficção é muito generosa porque a gente consegue abordar coisas e na vida real não é assim. A cena em que a Lucélia pede demissão é uma utopia, que não existe, existem milhares de empregados que são explorados, existem muitas Lucélias que não vão poder fazer o que foi feito na ficção. É quase uma denúncia, ainda que engraçada, com humor. E como atriz fico muito feliz de viver esses personagens que me permitem atravessar situações em cena.

E é o mesmo personagem em outro século, como é isso pra você?

Pra mim é inédito, o mesmo personagem em outra época. Eu estou descobrindo. Acho que dificuldade não teve. Só de construir cena normal. Sempre rola um medinho, um nervosismo.

Você tem alguma coisa da personagem ou vem aprendendo algo com ela?

Eu acho que todo personagem que eu me proponho a fazer, eu aprendo com ele. Não necessariamente ele tem alguma coisa da minha vida ou eu tenho alguma coisa da vida do personagem. Mas é sempre um momento bom de refletir sobre aquela história, daquele indivíduo. A gente empresta o nosso corpo, a nossa voz pra poder dar vida aquele personagem. Eu falei isso hoje, acho que a Lucélia é um personagem que me convida a visitar esses outros momentos (da história). Eu nunca fui escravizada, mas infelizmente faz parte da história do nosso país e muito gente escolhe negar isso. Na primeira temporada, a Lucélia na condição de escravizada, ela conseguiu comprar sua alforria. Nessa temporada, ela faz uma prova, passa num concurso pra ser professora e ela sofre a violência do racismo e é negada a ela a estudar numa instituição que ela passou por direito. Isso é muito triste, porque acontece. Esse caso especificamente me lembra uma situação que eu vivi. Eu era bolsista numa faculdade de teatro em Ipanema e aí teve uma mudança de reitoria e eu simplesmente perdi minha bolsa porque uma outra faculdade acolheu os alunos pagantes. Os bolsistas simplesmente perderam o direito de estudar . Isso foi em 2012. Graças a Deus eu consegui trabalhar muito.

 Você vai mostrar seus dotes vocais na série?

Na segunda temporada a Lucélia só tem uma cena que dá uma cantarolada. Mas eu acho isso bom, porque são assuntos diferentes. E como atriz eu acho bom não fazer sempre a mesma coisa. Diferente do musical, que eu pude explorar minhas três profissões, que cantora, atriz e bailarina, acho bom quando o personagem é diferente.

E como foi pra você fazer o musical do Lulu Santos?

O musical foi um desafio. Até estrear eu pensava: ‘ferrou, minha carreira acaba agora’. Até estrear, eu não conseguia pegar as coreografias, eu não conseguia abrir a voz, pra mim foi uma puxada de tapete, mas também pra eu sair de uma zona de conforto e correr atrás. ‘Se isso chegou até a mim, eu preciso lidar com isso’. Desde muito nova eu tive vontade fazer musical, eu fiz vários testes e nunca tinha passado, sempre era chamada pra fazer uma série, um filme, o audiovisual sempre esteve de portas abertas pra mim. Aí chegou o momento que eu achava que musical não era pra mim. Aí um dia a Marcela (Altberg) me ligou fazendo o convite. Eu falei: ‘Claro, quando é a audição, quero fazer o teste’. E ela falou: ‘Não, o diretor quer que você seja protagonista’. Foi muito difícil, ele falou da representatividade, que se fala muito, mas as pessoas entendem pouco isso. A representatividade é muito mais que só a pessoa física é quais são os dramas vividos. Então eu questionei algumas coisas. Foi muito bom que a direção foi muito aberta, a gente cortou cena, colocou cena. Foi muito desafiador, mas foi um resultado muito positivo. E através do musical o Zé Ricardo, que era o diretor vocal, me chamou pra cantar no Rockin Rio com a Elza (Soares).

E como é esse trabalho com a Elza Soares?

Na semana passada teve a primeira audição do álbum dela. Muitas pessoas já tinham falado pra mim sobre o trabalho da Elza. Eu cheguei a tentar fazer o teste pro musical dela, só que eu estava em Fortaleza rodando um filme e não consegui descer pro Rio. E aí estar com ela, ver como ela conduz o trabalho, eu aprendo muito com a minha profissão e as oportunidades que chegam até a mim.

Confira alguns clicks da personagem – deslize:

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Núcia Ferreira
Núcia Ferreira
Jornalista carioca com passagens pelas revistas Conta Mais, TV Brasil e TV Novelas. No site Área VIP, além de redatora, é repórter especialista em Celebridades, TV e Novelas.