Mas como confessar verdade tão perigosa e justamente para a filha do maior senhor de escravos daquelas bandas? Não imaginava, no entanto, que fosse tão fácil.
Estavam de conversa próximos à casa quando Sinhá começa a instigá-lo: – “por que o senhor pisa em ovos toda vez que vem aqui? Posso saber?”. Rodolfo sente-se fisgado. Seria a hora de lhe contar tudo? Mas a resposta sai um tanto ambígua: – “porque meu coração me manda dizer uma coisa, e minha razão outra”. Sinhá Moça não lhe dá sossego: – “o senhor devia ouvir mais o seu coração”. Ele concorda e conta dos conselhos de Ricardo sobre a mentira.Sinhá não perde a oportunidade de espetá-lo mais uma vez: – “e o senhor, por acaso está mentindo?”. Rodolfo apela para outra resposta vaga: – “mentindo, não. Uso apenas as armas que me oferecem nesse momento”. E completa com um suspiro: – “Se soubesse o que vai dentro do meu coração…”
Talvez, naquele momento, Rodolfo já estivesse decidido. O fato é que ele começa a fazer uma série de perguntas a Sinhá Moça e culmina com uma que lhe parece decisiva: – “E seu eu lhe dissesse que sou um abolicionista? Se tudo o que tenho feito, e dito, aqui nesta casa, é para poder estar perto de você?”.Sinhá Moça reage espantada. Ele continua, agora mais animado: – “E mais: que além de abolicionista, sou republicano?”. Sinhá precisa sentar-se de tanta emoção. Quando olhar novamente para ele, o verá com outros olhos, um novo homem. Então, a fisionomia se altera novamente. Da felicidade passa à preocupação: – “tome cuidado com meu pai…Ele não pode desconfiar disso nunca”. Os dois se dão as mãos, mais íntimos que nunca.
Rodolfo suspira, aliviado: – “tirei um peso do meu coração’. Sinhá sente-se da mesma forma: – “tirou um peso do meu também. Um beijo sela o segredo, agora compartilhado entre duas pessoas apaixonadas.
Essas cenas vão ao ar sexta-feira, dia 24.
